segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

INEFICIÊNCIA ACADÊMICA...

Não é de hoje que nosso país enfrenta obstáculos enormes com relação ao nível superior de ensino. Nesses últimos cinco anos da faculdade aprendi muita coisa importante para a minha formação e muita coisa desnecessária. Ora, é necessário encher linguiça, digo, preencher a grade do curso com pelo menos uns oito períodos de cadeiras complementares... ou não. Como economista "recém-nascido" aprendi temas "imprescindíveis" para o meu futuro PROFISSIONAL, como a Lei Maria da Penha e o inglês técnico para os profissionais da área de música e de medicina (estatística aplicada à nutrição também foi dá hora). Além disso, a faculdade forma profissionais dogmatizados. É como um professor de ensino médio que ensina seus alunos que a igreja católica é uma assassina sanguinária e ponto. Não é ético um professor apresentar apenas o seu ponto de vista afirmando ser o mais racional, e sim descrever as principais correntes ideológicas sobre o tema. Ademais, gostaria de focar em dois temas observados na instituição que participo. Não irei estender demais, apenas mencioná-los.

Gastos com infra-estrutura x Gastos com profissionais

Há uma busca equivocada em criar mais espaço para novas turmas, não por uma melhoria na especialização, mas sim por mero incremento quantitativo e utilização "eficiente" de recursos governamentais, como os do REUNI. É triste ver que apesar do incremento de "novos" cursos (que na minha opinião deveriam ser especializações após a graduação, como Relações Internacionais, Arquivologia, Publicidade e Propaganda, Ciências Atuariais etc.) os professores reclamam da defasagem nos reajustes de salário. É necessário sim quem haja aumento na quantidade de pessoas formadas, mas é muito mais importante que não ocorra redução na qualidade do ensino para que isto ocorra. Se a economia cresce em média 3% ao ano, vamos crescer a quantidade de profissionais neste mesmo nível! Este problema é agravado com a quantidade de vagas ofertadas por determinados cursos, inclusive com cotas. Sempre fui aluno de escola pública, mas dei duro pra passar, lutei por minha vaga com a única arma que tinha, a vontade. 

Caso a universidade fosse como um bem de fácil acesso, eu poderia relaxar e chegar lá despreparado. Assim para poder passar grande parte dos alunos, o professor deveria "baixar o nível" de sua aula, prejudicando o desenvolvimento das técnicas de pesquisa. E isso é um péssimo negócio. A academia não é para todos, simples. Alguns podem seguir a carreira técnica, estudar para concursos, ou com muito azar, entrar para o BBB. Muitos veêm a universidade como uma forma de elevar a renda trabalhando em algum serviço (de gasto) público - o que os governos recentes têm incentivado também - e não como uma forma de aumentar a produção científica do país. É nisso que reside a minha queixa. A perda do significado da palavra universidade como originalmente foi concebida. Hoje alguém entra em determinado curso, daqui a três meses desiste, faz novo vestibular, passa pra outro curso.... desiste. Presta novo vestibular etc. e etc. O governo tem um papel importantíssimo na forma de lidar com este problema. Existem profissionais em excesso no curso de direito ou economia, por exemplo? Oriente os vestibulandos a ingressarem em áreas com maior insuficiência de profissionais ou reduza a quantidade de vagas para estudantes destas áreas. Assim reduz-se o ônus social com estes futuros estudantes universitários, que poderão ser muito mais produtivos economicamente se, por exemplo, estudarem engenharia elétrica ou tecnologia da informação.

Acredito que seria necessário um maior controle na criação de cursos e no nível da educação superior. Existem gastos que poderiam ser transferidos para o ensino básico e gerariam retornos muito maiores para a sociedade. Não é um diploma que torna a pessoa produtiva, mas sim o que se aprendeu e colocou em prática durante os anos em que se dedicou à sua formação.

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