segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Comentário acerca do ateísmo e sua relação com a rebeldia juvenil e a luta de classes.

Normalmente a crença religiosa é vista como uma manipulação psicológica, adivinda geralmente por um ou vários fenômenos atípicos na vida do indivíduo crente. Tais fenômenos são descritos como sobrenaturais, miraculosos e originados por uma força superior à todas as outras forças.

A concepção ateísta, digo até, uma concepção bastante corajosa por sinal, pois é a negação de uma negação, não fica muito atrás dessa "manipulação psicológica". Muitas pessoas, adeptas ou não da teoria marxiana, que em algum momento da vida se depararam com essa incógnita sobre a "dominação" religiosa ou a crença em algo "mitológico", têm uma base teórica ou empírica relacionada a essa vontade intrínseca de ser dono do seu próprio nariz. Qual adolescente nunca pensou ou fugiu de casa em um momento da vida? Essa rebeldia pode também ser aprisionada quando se é OBRIGADO a aceitar alguma doutrina ou dogma religioso. Nesse caso, a dúvida universal voltará anos mais tarde, de forma até mais intensa, como no caso do grande Dan Baker, ex-pastor protestante. Isso não implica, obviamente, quebra de livre-arbítrio, pois até hoje eu busco entender minha fé e Deus ainda não me matou.

Então, qual o meu referencial teórico para tais afirmações? Bom, já li Karl Marx (até um pouco demais), Hilferding, Rosa de Luxemburgo, entre outros. Mas meu referencial é bem mais empírico. Quase todos os conhecidos que fizeram parte de grupos sindicais ou de movimento revolucionário são ateus ou agnósticos. É como se a entidade Igreja deixasse de ser uma forma de apoio social, restringindo-o exclusivamente ao Estado. Mas o Estado cumpre seu papel com eficiência? O Estado serve a população promovendo melhoria do bem-estar coletivo? Atribuí-se muito à Igreja a causa de atraso e dos problemas sociais, como se ela não fosse amenizadora disso tudo! Nesse aspecto existe até certa hipocrisia, visto que muitos destes pseudo-revolucionários não movem um dedo para ajudar o próximo, apenas escrevem artigos pouco mobilizadores ou apenas críticos, sem soluções concretas.

Engraçado que muitos criticam as lutas medievais entre as religiões (eu também não concordo com estas) mas são a favor da luta por um ideal socialista antiquado, onde a quase operária (bem) vence "no braço" a classe gerenciadora (mal). Ou seja, Marx não queria ninguém mandando nele, mas queria operários mandando nos outros, desprezando simplesmente o Lupen proletariado. Não existe apenas um trabalhador que ganha pouco. Se olharmos bem, existe pessoas que não trabalham, que passam fome, que não têm condições de inserção na sociedade.

Acredito que sem o ateísmo, a fé dos cristãos seria bastante relaxada. Até porque a negação veio também de grandes gênios da física, química e matemática que viram a necessidade de uma busca interna por algo que transcendesse tudo que eles podessem imaginar, mesmo que ao final, no desconhecido material encontrassem um Deus.

Se chega um líder revolucionário pra você e diz que o Vaticano é rico, poderia acabar com a fome, o Papa come com talheres de ouro e blá blá blá, talvez você iria dizer "ele tem razão", mas dificilmente iria procurar na Folha de São Paulo ou em outros jornais ou artigos que o Vaticano tem elevados déficits fiscais por anos consecutivos, mas que nem porisso deixa de ajudar milhões de crianças abandonadas, AIDéticos, pobres na África, etc. É tudo uma questão de ponto de vista e de quem realmente manipula mentes. Se seu ponto de vista for de cima pra baixo, Deus será com letra minúscula sim, mas se você olhar do ponto de vista de um simples mortal, como todos os 7 bilhões do mundo, e quiçá de outros planetas, a tua humildade irá revelar algo que nenhuma teoria das cordas ou da retórica é capaz de explicar. Então, busque além de suas fronteiras céticas, busque além das fronteiras do positivismo lógico.

Atenciosamente, um simples ser humano.

sábado, 14 de janeiro de 2012

"América Latina" do "Terceiro Mundo"...

"O terceiro sexo, a terceira guerra e o terceiro mundo são tão difíceis de entender..." (Engenheiros do Hawaii)

Estou lendo um livro muito interessante do Roberto Campos, o Além do Cotidiano. Nele o autor faz previsões na década de 80 de fatos que estão acontecendo atualmente. Dizem que os economistas erram previsões, mas creio que as errem apenas quando utilizam modelos matemáticos em excesso. O que o economista, teólogo, filósofo, e etc. toma como um ponto importantíssimo a destacar é a utilização demasiada de expressões tachativas, tais como as citadas no título deste texto.

A respeito da América Latina, são países com características econômicas e sociais diferentes, com processo de colonização não homogêneo, e que vem experimentando ideologias diferentes... Porém, o ponto central é a denominação de Terceiro Mundo. Brilhantemente o autor refere-se a este enfoque, mesmo para os anos 80, onde os países latinos ainda não tinham tanta representatividade econômica como no contexto atual. Para o autor, é exagero essa classificação, pois assim deveriam existir ainda um Quarto Mundo, pois há um grau abaixo de desenvolvimento que jogaram dentro dessa quassificação de Terceiro Mundismo.

Na minha opinião é como separar ateus e agnósticos, cristão fundamentalista e tradicionalista, porque é tudo uma confusão muito grande. E são as desigualdades dos países que promovem isso... Se você olhar pro Sudeste do Brasil, verá um Primeiro Mundo (em termos econômicos), no geral o Brasil é "a periferia do Terceiro Mundo", expressão do R. Campos.

Temos uma infra-estrutura econômica precária e uma estrutura social precaríssima! Utilizar esses termos tachativos é bom quando se quer utilizar o "culpismo", muito bem exposto por Gianetti (2011) como forma de explicar o atraso econômico, já que dizer "somos pobres porque os EUA são ricos" é muito coerente do ponto de vista de um revoltado, mas talvez antes da década de 80 o protecionismo, o medo da tecnologia, do novo, dos investimentos internos, pode ter promovido o aumento do nosso atraso tecnológico. O medo foi nosso atraso, bem mais do que o imperialismo. Realmente, o terceiro mundo é difícil de entender... E Terceiro Mundo não indica pobreza, indica apenas os que chegaram atrasados na festa e não souberam aproveitar.