terça-feira, 1 de julho de 2014

FALTAM MÉDICOS?

Em grande parte dos países, desde os subdesenvolvidos até os de desenvolvimento estacionário, um dos problemas que mais afligem a população é a escassez de médicos e produtos de saúde. Se, por um lado, o mundo tem conseguido continuamente elevar a expectativa de vida e reduzir a mortalidade infantil, por outro lado, vivemos uma época onde os vícios e os exageros contra o organismo são problemas crescentes. No meio deste cabo-de-guerra encontram-se os governos em aflição por não conseguirem atender a demanda da população por serviços de saúde eficientes e de baixo custo.

Em torno desta escassez relativa, temos países que detém alto nível de médicos e população baixíssima, como Cuba, e outros com população bastante elevada e pouca quantidade de médicos para suprir a população, a exemplo dos EUA. Mas por que os EUA não conseguem elevar a quantidade de médicos?

Além da grande dificuldade para a atuação de médicos estrangeiros no país (burocracia governamental), os EUA são reféns dos dois primeiros critérios do cabo de guerra: redução da mortalidade e aumento da expectativa de vida. Após a década de 50 e a explosão dos Baby Boomers, o aumento populacional tem sido acompanhado de crescimento de profissionais de saúde em número inferior. Enquanto isso, países como Cuba atuam fortemente em formação e exportação de médicos, já que internamente dificilmente ganhariam um salário razoável. Ou seja, tudo parte da análise de oferta e demanda.

Os problemas cubanos são solucionados precocemente com o "genocídio uterino" de crianças através do aborto, restando apenas uma população que cresce a níveis ínfimos, não restando muita preocupação para as entidades médicas locais. O liberalismo em Cuba foi outro fator de grande relevância. Metade dos excelentes médicos cubanos do período pré-ditadura tiveram coragem de permanecer no país após o regime castrista ser imposto e se tornaram professores. A outra metade conseguiu fugir do país antes disso. Com poucos médicos, o país se dedicou a formar profissionais.

O crescente empenho de países desenvolvidos no investimento em setores variados causou uma melhoria intensiva da renda, acompanhada de uma considerável tendência ao consumo exagerado. Ademais a imigração intensiva para tais países, tidos como sonhos de consumo dos menos desenvolvidos agravou ainda mais o problema demográfico, juntamente com a elevação da expectativa dos Baby Boomers. Estratégias sujas de redução da população através de métodos anticoncepcionais e abortivos foram ampliadas, estrangeiros qualificados sendo remanejadas em áreas de atuação que não condiziam com as suas reais habilidades e uma seleção cada vez mais restrita de profissionais tornou a demora pelo certificado de médico uma dificuldade enorme.

O grande problema, contudo, vai além dessa análise de crescimento populacional e importação x exportação de médicos. O Instituto Mises Brasil possui excelentes artigos sobre o tema, que pode ser resumido em um aspecto central: Os EUA estão "emperrados" por conta do estado.

Na década de 50 o governo norte-americano criou uma demanda monstruosa ao propor que empresas que cadastrassem empregados em planos de saúde tivessem redução nos impostos. Além disso, os antecessores do atual Obamacare (que mais parece nome de absorvente) abarcavam uma série de produtos que não poderiam ser cobertos por planos de saúde por motivos lógicos de casos e classes de eventos. Ou seja, é como você ir ao rodízio e pagar R$ 15,00 mesmo sabendo que seu amigo irá comer muito mais pedaços que você, enquanto você apenas 2 ou três. O rodízio custa R$15,00 não por conta de seu gasto efetivado, mas por conta de serviços e despesas extras, como a fome de gordo do seu amigo. Além disso, a imposição estatal ainda coloca doenças como câncer e parkinson na lista, encarecendo imensamente o valor dos planos de saúde. Essa desproporcionalidade encarece, por conseguinte, os preços de consultas particulares, já que a demanda por médicos é maior e não se formam milhares de médicos bons da noite para o dia.

O resultado final é um sistema de saúde com médicos de ponta, mas com uma demanda gigante. A saúde não é um dever, é um bem, e como todo bem, seu preço não pode ser regulado artificialmente sem incorrer em perdas catastróficas no médio prazo. A medicina preventiva tem sido uma saída improvisada e importante de vários países. No Brasil infelizmente tem sido aleijada pela intervenção do estado. As marcações de consulta demoram de meses a anos e o paciente precisa voltar várias vezes ao médico para conseguir curar uma simples inflação na garganta. Estamos sem médicos para todo mundo, mas nem todo mundo precisa de médico... a procura só é imensa porque alguns intelectuais acham que a saúde é de graça. Antes de encerrar, gostaria de citar uma frase brilhante do DiLorenzo: "O fracasso em educar crianças faz com que o governo despeje mais dinheiro nas escolas públicas. O fracasso em reduzir a pobreza leva a maiores orçamentos para as burocracias assistencialistas. Isso certamente acontece também com a medicina socialista."

Como melhorar a saúde? Conheçam mais a Escola Austríaca:

http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=105

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

RECURSOS NATURAIS OU RECURSOS ELEITOREIROS?





O Brasil tem sido a "galinha dos ovos de ouro" no exterior e a "galinha da igualdade" por certas entidades do país. Muitos partidários defendem que isso é reflexo das medidas políticas adotadas por nossos últimos presidentes. Mas será mesmo? Será que todo esse crescimento não é reflexo de uma intensificação especulativa e exploratória dos recursos, tais como as descobertas recentes de ouro e prata na Amazônia e do petróleo nas zonas de pré-sal? Qual o segredo do nosso aparente sucesso econômico, tendo em vista que somos um dos países mais corruptos do mundo?

Somos a galinha dos ovos de ouro, não porque botamos ovos, mas porque já temos os tais ovos de ouro em nosso subsolo. A exploração dos recursos naturais é a forma mais fácil de crescer, e isto é uma lição que tiramos desde os tempos remotos da invasão econômica portuguesa. A forma de exploração tem mudado de face, somos a "menina dos olhos" dos especuladores, que minam não mais as nossas Minas, mas nossas Amazônias, nossos Matos e nossos mares. Pior seria se o governo se fechasse em não querer os investimentos privados, mas isso já é outra história...

Somos, indubitavelmente, o país com maior disponibilidade de recursos naturais do planeta, mas praticamente só crescemos por conta disso. Segundo relatório do UNU-IHDP para o Rio+20, o crescimento real da economia brasileira - de 1990 até 2008 - foi de apenas 3%, considerando todos os fatores sociais, ecológicos e econômicos. O PIB cresceu 34%, mas o capital natural caiu 46%. No mesmo relatório, a Índia aparece com crescimento de 120% e perda de 31% do capital natural! Ainda é possível analisar que o Brasil reduziu mais os recursos naturais per capita que países como EUA e China.

Podemos concluir que o Brasil continua uma mera economia exploratória de recursos naturais?

Além dos consideráveis problemas estruturais e institucionais, continuamos abastecendo a "metrópole" internacional de commodities (minério de ferro, petróleo bruto etc.), e recebendo produtos mais elaboradoras (combustíveis, automóveis etc.). Inclusive, como apresentado pelo Estadão recentemente, voltamos a apresentar déficit na balança comercial agora ao final de janeiro, na ordem de R$ 2 bilhões. Ou seja, nem as commodities e a desvalorização cambial estão dando conta do recado.

Um relatório de 2012, publicado pelo Ipea, demonstra de forma bem ampla os danos causados por essa massiva participação de setores intensivos em recursos naturais para a economia, embora tente puxar a sardinha para o lado da distribuição espacial (o que parece coisa de cepalino.). Ao meu ver, a distribuição da produção não tem grande importância se comparada com a mudança na forma de desenvolver, atuando mais em setores intensivos em capital e trabalho. Esta seria a minha proposta, além de educar a população (preferencialmente educação técnica), reduzir gastos excessivos e aprender a não usar recursos naturais para propagar política partidária. Não precisamos crescer muito para mostrar que somos bons, precisamos crescer de forma organizada.

O que é inegável, contudo, é que o fim do monopólio estatal de setores estratégicos, como petróleo e minério, foi estimulante para o crescimento. Isto é usado a favor do governo em seus discursos, não em favor do próprio setor privado. Ora, a Petrobrás tem sido uma grande empresa graças à abertura de capital, e não o contrário. Infelizmente o interesse político tem "estado" competindo em cabo-de-guerra com os interesses produtivos da empresa. Ora, é um absurdo econômico não elevar o preço de um bem quando este é escasso, e recursos naturais são essencialmente escassos. Talvez o crescimento não fosse nem de míseros 3% caso algumas atividades de exploração de recursos naturais não tivessem sido privatizadas/concedidas. Em outras palavras, precisamos abandonar o "modo de produção novo-mercantilista" e adotar realmente o modo de produção capitalista.

Obs.: Todo esse discurso sobre desgaste dos recursos naturais não me coloca como um "ecofascista". Defendo, entre outras coisas, a construção da usina de Belo Monte e a educação de índios.